terça-feira, 16 de junho de 2009

Alvorada



Amanheceu de repente. Os olhos, há tanto acostumados à penumbra, viram-se confusos, alternando momentos de estupefação com aquele brilho intenso da felicidade que não cabe no intimo e, portanto brilha .

Amanheceu de repente. O corpo, que por longos anos viveu escravo de lembranças, deparou-se subitamente com sua carta de alforria.

Amanheceu de repente. A alma, que navegou tortuosamente buscando qualquer local onde fosse possível lançar ancora, encontra finalmente um porto seguro.

Amanheceu. O corpo acorda lentamente, espreguiça-se quase de forma lasciva. Os olhos se abrem e deparam-se com outros olhos, de um brilho tão intenso, que lembram faróis em meio a um conturbado mar.

Amanheceu. E dia algum poderia ser mais perfeito, pleno e estonteantemente feliz.



Crédito de imagem: Genrikh