quinta-feira, 3 de julho de 2008

Enrodilhada



Hoje me sinto cansada. Não é um cansaço daqueles que se desaparece facilmente, com uma boa noite de sono. Trata-se, na verdade, de um cansaço que está além daquilo que eu possa resolver por mim mesma; brota da alma, dói nos ossos, entorpece meu sentir. Diria que é um cansaço colecionado ao longo de uma vida, que a exemplo de um mosaico, foi sendo assentado pedacinho por pedacinho até formar o desenho final que hoje estampo. Estou em paz, mas paradoxalmente encontro-me destituída de energia.

Mergulhada na inércia, observo-me. Percebo-me constituída por uma infinidade de sentimentos diferentes, muitos dos quais algumas pessoas teimam em dizer excludentes. Sou assim: uma mulher de múltiplas facetas. Existe um lado meu que reflete, outro que chora, outro que brinca com a felicidade e despreocupação de uma criança que pula amarelinha. Nenhum deles é exatamente preponderante; eles se alternam, como aliás tudo na vida. E embalada pela certeza dessa alternância, simplesmente aguardo.

Crédito de imagem: Alex K

18 comentários:

Anônimo disse...

Sempre é muito interessante ler seus escritos. Parecem-me uma descoberta a cada momento. Não para nós, seus leitores, mas para você mesma que se mostra, apresenta e desnuda como uma pessoa deve fazer. Mostrar os desejos, anseios, medos, alegrias, angústias, risos desemedidos, sonhos a atingir e perspectivas.

São densos e leves ao mesmo tempo.

O Sibarita disse...

Pois é, né? Eita dona moça para escrever porreta! Vixe... kkkk

Lúcia, que tal você tirar uns dias para recarrregar as baterias?

Dona moça, tudo tem seu tempo, se afobe não, entendo-a perfeitamente... Faça fé!

Seus textos cada vêz nos dizem, e passamos a conhecer um pouco de você. Muito bom mesmo!

Alivie para ela Santo Antonio! kkkkkkkkkk

bjs
O Sibarita

Lucia disse...

Jorge:

Você usou a palavra certa: estou me desnudando. E a medida em que faço isso, vou descobrindo "os vários mins dentro de mim". Apesar de em alguns momentos a experiência ser dolorosa, é enriquecedora demais. Estou adorando (sentiu surgir aquele meu ladinho masoquista? rs).
Um beijo

Lucia disse...

Sibarita:

Não se preocupe, não, meu amigo.. estou respeitando meu tempo, viu?
E olhe, não quero mais saber do santo. Aliás, tem uma viuva aqui, desde São Pedro, que senta todo dia prá tomar café, almoçar e jantar na minha mesa. E não adianta nada eu dizer prá ela que a Bahia é bem longe daqui.. ela nem me escuta. A dona só abre o boc prá perguntar: meu rei já chegou???rs
Se a coisa continuar desse jeito vou ter que dar uma de Maria Quitéria e expulsar a mulher a golpe de baioneta..rs
Beijos, moço

João Videira Santos disse...

Quando nos desnudamos e abrimos a palavra, a realidade dos mistérios surge como um desaguar oceânico...

Anônimo disse...

Lucia... Concordo absolutamente com tudo que diz no segundo parágrafo; Notou que seus últimos textos estão mais "curtos", mas tão - diria - pontuais, incisivos... certeiros, como uma flecha que acerta o alvo.
Todos temos, todos têm sentimentos parodoxais, e como você diz, as pessoas insistem em negá-los... mas deixando de lado as generalidades...
Não sei se pensa como eu, mas às vezes, mesmo tão longe, tenho uma "intuição" sobre "como se sentem" as pessoas que me são mais queridas... e alguns amigos também "sentem" meus estados emocionais, mesmo longe.
Imagino que não tenha "grandes dificuldades" ou desespero em confrontar-se com seus sentimentos...
Mas acho que consigo sentir você neste teu cansaço, mesmo tão longe. Acho que imagino como está, assim como descreve neste texto.
São tantos pedacinhos que colecionamos ao longo do tempo, não é? E eles exercem mais influência do que possamos imaginar sobre nossa vida ou nossos estados de espírito...
Um dia... não lembro o contexto... mas acho que conversávamos sobre intervenções terapêuticas... e você me contou que chegando no consultório de sua terapeuta, estava tão cansada, que ela lhe disse: "posso abaixar a luz e se você quiser pode deitar e dormir".
Em alguns momentos nos quais me senti muito cansada, lembrei sempre disso: que às vezes nos cansamos e precisamos descansar.
As lutas são grandes, por vezes e o cansaço imenso.
Você sabe que para mim, por exemplo, Fortaleza significou este descanso; Estava tão tão cansada antes de vir pra cá... que nem eu própria sabia mensurar o quanto...
Acho que precisamos cuidar pra que algumas coisas não se acumulem mesmo... rsrsrs...
Bem, mas estou tomando espaço imenso em seu blog... Deixe-me despedir.
E como pretendes fazer para que este cansaço passe?

Beijos, adoro você.

Thereza.

Anônimo disse...

Oi, Lú

Essas nossas fases, hein menina?
Quando tento ser "piscicológimamente esperta" fico dando nome aos bois ou, melhor dizendo, as minhas próprias neuras. Não sei se melâncolia, sensibilidade poética ou grandes descobertas. Daí desisto de querer entender o que não sei. Me defino como "uma loba observando a lua".
Entendo exatemente o que você diz nesse texto.
Por isso adoro te ler, falar com você e ler seus comentários.
Mesmo em fases indefinidas, você é ótima. E saiba que mesmo nessas suas multiplas facetas quem ganha somos nós. Seus fás e amigos.

beijão no seu coração
doce e derramado
astuto e meigo
que eu chamo
simplesmente
de Lú

Lucia disse...

João:

Você está certo: a palavra jorra, não há como contê-la. Momentos há que a força do sentimento, dentro de mim, até me faz supor que não conseguirei traduzi-lo. E então, sem que eu mesma saiba como e quando, ei-lo que sai, transborda e inunda o papel.
Obrigada pela visita.

Lucia disse...

Thereza:

Não sei como fazer para o cansaço passar..rs. Sabe o que eu precisava, agora? Pelo menos uma semana, só eu e o mar. Para sentar na praia, ouvir, cheirar. Para deixar que meus sentimentos fossem embalados no vai e vem constante das ondas. Mas como o nosso Paraguai não tem ondas e, se eu ficar uma semana sentada junto a margem, com certeza serei internada..rs, melhor buscar outro caminho. Olha, pode usar o espaço que quiser, no blog. Como deve ter percebido, limite de espaço é algo que inexiste, aqui, exatamente para que todos possam dizer o que pensam e sentem, " do tamanho" que for.
Beijos, querida

Lucia disse...

Etel:

Não tente dar nome, não, só sinta cada coisa. Deixe que a percepção do que é aquilo se faça pelo sentir, e não pelo racional que quer entender. O entendimento é subsequente ao sentir, e só entendemos realmente quando já desfrutamos daquilo que o sentimento pode acrescentar a nós.
Aliás, você sabe, tão bem quanto eu, que racionalizar é a melhor forma de não entrar em contato com um sentimento: aí, somos sempre bons, sempre felizes, nunca sentimos raiva, só amor! E, como somos Barbies e o mundo é cor-de-rosa, podemos brincar indefinidamente. No entanto, sentir implica em nos olharmos e percebermos que nem sempre somos a maravilha que gostariamos de ser; que não somos Barbies,mas Lucias, Etels, Marias e sei lá mais quem.
Pode não ser tão glorioso, mas a longo prazo é mais verdadeiro e nos torna mais felizes.
Beijos, querida

Anônimo disse...

Lu: Olha, se minha família não fosse te cansar na mesma medida de fazer rir (rs), te convidava pra vir pra cá... mas sabe, cá o espaço (ao contrário do seu blog) não é todo meu (hehehe) e ainda dizem que faço maior bagunça!... Porém, as praias tem para todo gosto... estou num luto só de ter que "abandonar" aqui e ir para um lugar onde não tem mar... mas enfim, assim são as escolhas; Fortaleza tem muitas mazelas... mas por outro lado Deus abençoou este lugar, porque as praias são muito mais divinas do que se possa imaginar esparramadas por todo o estado.
Mas dê um jeitinho então de ficar só você e o mar... porque logo logo apareço aí de surpresa pra te visitar.

Abraços grandes minha amada amiga!!!

Thereza.

Lucia disse...

Thereza:

Estou pensando em jogar sal na piscina e ligar um super ventilador (será que existe?)..rs
Aí fico sentadinha, lá.. pena que não vai ter o mesmo som..rs
Beijos, querida

mundo azul disse...

Lucia, também às vezes me sinto assim... Mas, o bom é que logo passa! Entregar-se para ele...Jamais!
Penso que temos ainda tantas coisas a fazer...Vamos em frente!
Beijos de luz!!!

Lucia disse...

Zelia:

Acho que todos nós, vez por outra, nos sentimos meio assim, né? Sei que vai passar, como já passou outras vezes. Mas enquanto não acontece, é relaxar e aproveitar o cansaço, que afinal, também faz parte da vida..rs
Obrigada pela visita.
Beijos

Uma aprendiz disse...

Lú,
senti vontade de postar aqui um poema que fiz há tempos atrás. espero que goste.

ESTRELAS E TEMPESTADES

Tempos atrás, não tão longe assim.
Caminhei nas estrelas.
Esqueci....que as estrelas são apenas luz.
Que a estrela brilha muito tempo depois que já morreu.
É gostoso olhar e ver o brilho dela.
Elas tornam as noites menos escura.
Nos faz sonhar.
Reviver.
Hoje, só tempestade.
Caminho na chuva.
E não quero que ela passe.
Quero que ela demore.
Quero sentir cada pingo, cada vento, cada raio.
Quero sentir a água rasgando a terra,
quebrando os galhos.
Inundando....
Depois quero acompanhar enquanto ela seca.
Silencia
e passa.

Etel
30/10/07

um beijo

Lucia disse...

Etel:

Obrigada pelo lindo presente! Eu gostei muito, sim. É um lindo poema.
Beijos, querida

O Sibarita disse...

Fia ô Fia! kkk Não espulse a viúva não! Se acalme, recolha sua baioneta e vamos que vamos! kkkk

A Bahia não é tão longe assim não! Oi para que existe avião? kkkk

Avise a viúva que as vezes demoro em vir aqui não é por nada não, é que trabalho fora de Salvador há uma hora e meia. Acordo todos os dias as 05 da manhã pego o carro da empresa as 05:45 quando chego em casa à noite é por volta das 08, isso, quando não viajo à serviço é mole é fia? kkk

Além de ter outros afazeres como por exemplo não sei se a viúva (kkk) sabe sou espírita kardecista atuante, ou seja, sou trabalhador da Seara do Mestre Jesus, então, duas ou três vêzes por semana tenho que ir ao Centro, especialmente, as sextas à tarde.

Então, ela fique tranquila que já mora no meu coração de graça, faça fé!

bjs
O Sibarita

Lucia disse...

Sibarita:

Tem muita graça, né, moço? Você tá fugindo da viuva e eu que vou ter que ficar falando prá pobre ter paciencia??rs. Tome tento..rs
Beijos, moço!!!